Mangais

 

Os mangais são ecossistemas característicos das costas abertas das regiões tropicais e subtropicais, encontrando-se entre as zonas mais produtivas do planeta. As diferentes espécies que as compõem são tolerantes às inundações (água-doce, água salgada) e colonizam geralmente as extremidades superiores da zona intertidal ao longo do litoral (SKINNER, 1994).

 

A vegetação do mangal estende-se essencialmente sobre substratos móveis, vasosos, a diversos graus, prolongando-se pelo continente. No mangal, encontra-se também vegetação rasteira sobre a areia, cascalhos e sobre solos rochosos, mais para o interior observa-se uma vegetação constituída por árvores e arbustos.

 

As diversas árvores que constituem o mangal caracterizam-se por apresentarem uma formação típica de raízes que lhes confere um aspecto característico. Em Rhizophora as raízes têm o aspecto de estacas finas que crescem em direcção ao solo onde se fixam formando um emaranhado resistente. Em Avicennia e Laguncularia formam-se pneumatóforos que saem do solo parecendo como que grossos pêlos dispersos de um tapete.

 

Aos mangais é atribuído um papel de tampão, permitindo a protecção do litoral contra as agressões terrestres (águas túrbidas) e marinhas (tempestades), bem como a sua estabilização.
As árvores do mangal, com as suas características adaptações anatómicas, morfológicas, fisiológicas, de capacidade de dispersão e sobrevivência dos seus frutos e sementes, têm sido uma fonte de grande interesse científico.

 

Ecologicamente os mangais são importantes a vários níveis: no enriquecimento da costa em nutrientes, na zona de alimentação, reprodução e abrigo de peixes e crustáceos, bem como de uma variedade de aves, servindo ainda de suporte a diversas comunidades de micro e macro flora e fauna terrestre e aquática.
 

Nas árvores do mangal, organismos verdadeiramente terrestres ocupam as copas, enquanto que, e em simultâneo, as raízes e os ramos ao alcance das marés são povoadas por organismos marinhos.

 

Os grupos dominantes de animais marinhos nos mangais são moluscos, crustáceos e peixes.

O grande número de invertebrados marinhos que habita as raízes pendentes, forma uma associação pouco conhecida e estudada.

Os mangais servem como zona de alimentação, reprodução e abrigo de peixes.

O papel dos mangais como suporte de descanso e nidificação para diversas aves aquáticas é desde há muito reconhecido.

 

A copa das árvores do mangal suporta uma rica fauna de insectos e de aves piscívoras e insectívoras, funcionando como couto comunal para alguma dessas aves.

Grande número de invertebrados tais como crustáceos, gastrópodos, bivalves e poliquetos são habitantes permanentes do ecossistema mangal.

Goniopsis pelii, o característico caranguejo vermelho-do-mangal, trepa às raízes e troncos de Rhizophora mangle.

 

 

Os caranguejos – violinista, Uca tangeri e o caranguejo branco, Cardisoma armatum, são abundantes na área lodosa interna do sistema.

Os troncos e as raízes das rizófora estão revestidos por numerosas cracas, Balanus amphitrites.

Periophthalmus, o pequeno peixe de olhos grandes das águas e lodos dos mangais, são os habitantes mais notáveis e chamativos tanto pelo seu aspecto como pelo número.

 

Os caracóis do mangal, Littorina angulifera, trepam, chegando a alcançar as folhas das rizóforas onde se refugiam em maré alta.